Difícil compreender a confusão que
envolve os partidos políticos no Rio Grande do Norte neste ano pré-eleitoral.
Não há sintonia e até as próprias lideranças não se entendem. PT, PSB, DEM e
PMDB seguem no emaranhado de indefinições que, à primeira análise, evidencia
uma série de complicações políticas.
Primeiro tem o PT, que se apresenta com
dois projetos e corre o risco de não emplacar nenhum: as candidaturas da
deputada federal Fátima Bezerra ao Senado e do deputado estadual Fernando
Mineiro ao Governo do Estado.
É que o Partido dos Trabalhadores do Rio Grande
do Norte ainda não conseguiu sobressair das sombras dos tradicionais grupos e
sempre esteve ora ao lado dos Alves, ora com a ex-governadora Wilma de Faria
(PSB) – reminiscente dos Maia.
Com a pressão que existe em cima do
PT, tendo em vista que o partido vem de vitórias seguidas no plano nacional, o
diretório estadual ainda não conseguiu seguir a maré positiva e tem apostado as
fichas em 2014. Até agora, das opções que se apresentam – disputar vaga no
Senado e o Governo do Estado –, é mais provável que a primeira se concretize.
Isso se o Partido dos Trabalhadores potiguar conseguir frear seus próprios
impulsos e concretizar uma chapa majoritária forte.
E é nessa composição que está a
questão. O PT espera pelo PSB e PMDB para dar seguimento à sua ideia. Contudo,
os dois partidos aliados no plano federal não estão mais tão aliados assim. No
Rio Grande do Norte, o PMDB integra a base do governo do DEM e o PSB, embora
seja tão oposicionista quanto o PT no plano estadual, tem projetos distintos
dos petistas, daí a confusão que se tem agora.
Para piorar o quadro, falta diálogo
entre os líderes e até aqui o que tem sido publicado na imprensa diz respeito a
projetos quase pessoais: a deputada Fátima Bezerra, por exemplo, não quer
perder a oportunidade de disputar a única vaga ao Senado. Já que dois dos atuais
senadores não estão na disputa e o terceiro – senador Garibaldi Alves (PMDB,
pai do ministro da Previdência Social e senador licenciado Garibaldi Filho) – não
se apresenta em condições de saúde para tentar renovar o mandato, Fátima tem
quase certeza de que é a bola da vez.
Por outro lado, o PSB pensa da
mesma forma. Ou melhor: diz uma coisa, mas age pensando em outra totalmente
diferente. É que a vice-prefeita de Natal e ex-governadora Wilma de Faria tem
acentuado que disputará uma das oito cadeiras da Câmara Federal, mas suas
movimentações indicam que ela está de olho mesmo é no Senado; daí, a
incompatibilidade de projetos.
PT terá encontros com PSB de Wilma e PSD de Robinson
A falta de diálogo entre os
partidos e os filiados se constitui em problema à parte. PT e PSB, por exemplo,
adiaram encontro que estava marcado para a quarta-feira passada, assim como o
PMDB adiou reunião com prefeitos, vice-prefeitos e vereadores peemedebistas.
Tudo leva a crer que nenhuma liderança quer assumir compromissos agora, pois
corre o risco de minar alianças mais na frente.
O presidente estadual do PT, Eraldo
Paiva, afirmou que existem encontros agendados com o PSB, de Wilma de Faria, e
o PSD, do vice-governador Robinson Faria. A questão é que não se terá nenhuma
definição agora, até porque o único nome posto e definido ao Governo do Estado
é o de Robinson de Faria, conforme ele anunciou recentemente.
Com isso, como o PT vai negociar a
chapa majoritária se o PSD já tem candidato ao Governo? O PT renunciaria à
pretensão de apresentar candidato ao Executivo estadual e se contentaria com a
candidatura da deputada federal Fátima Bezerra ao Senado? E como Wilma de Faria
vai se comportar mais adiante? Como se vê, dúvidas existem e para as quais
ainda não se tem solução, aparentemente e até agora.
Divergência interna ameaça união de líderes no PSB
Além da ausência de posições, o que
é normal em ano pré-eleitoral, o PSB ainda amarga confusão interna envolvendo a
presidente estadual da legenda, ex-governadora Wilma de Faria, e a deputada
federal Sandra Rosado (PSB). As duas não falam a mesma língua e Sandra, em
recente entrevista ao Jornal de Hoje, de Natal, se queixou da falta de diálogo
e que o PSB precisava ser “mais democrático”.
Entende-se que Wilma de Faria não
estaria comunicando aos demais filiados as suas pretensões políticas. A queixa
de Sandra Rosado tem origem no fato de Wilma estar “invadindo” suas bases no
Oeste do Rio Grande do Norte. Como a ex-governadora tem afirmado que sairá
candidata à Câmara Federal, certamente será uma ameaça ao projeto de reeleição
de Sandra.
Mas não é só o PSB que enfrenta esse
tipo de “falta de comunicação”. O PMDB segue a mesma linha e seus filiados
estão em clima de total incerteza com relação ao futuro do partido às eleições
de 2014. Dias passados, o deputado estadual Nelter Queiroz fomentou a ideia de
pressão, por parte do movimento Juventude PMDB, no sentido de pressionar o
presidente estadual da sigla, deputado Henrique Eduardo Alves, a se posicionar
sobre o tema.
Posição de Rosalba expôs crise no DEM
O Democratas segue a linha do PT e
PMDB: está sem unificação e esse fator pode vir a ser uma ameaça ao provável
projeto de reeleição da governadora Rosalba Ciarlini. A posição dela tem sido
contrária ao que pensa a executiva nacional, presidida pelo senador potiguar
José Agripino Maia.
Agripino, como não poderia ser
diferente, faz oposição crucial ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Dias passados, a executiva nacional do Democratas enviou documento (texto que
será apresentado na propaganda de TV do DEM) para a governadora potiguar
gravar; ela recusou.
A decisão da governadora democrata
externou a crise que existe no Democratas potiguar. Ela já afirmou que votará e
apoiará a reeleição da presidente Dilma, contrariando o seu partido. Ao recusar
participação no programa do DEM, Rosalba praticamente antecipou que tem
interesse em sair da legenda.
Caso a saída dela venha a se
concretizar, será a terceira baixa: o deputado federal Betinho Rosado e a
ex-prefeita de Mossoró Fafá Rosado estão prestes a efetivar suas saídas. O
destino deles, assim como o de Rosalba, é tão incerto quanto a aliança
envolvendo PT e PSB no Rio Grande do Norte.
Fonte: Jornal de Fato
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