No mínimo, desvio de conduta ética e moral. No máximo,
crimes diversos contra o patrimônio público. E o que resultou? Na vitória do
ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-vice-governador Robinson Faria
(PSD) ao Governo do Estado. Trata-se de denúncia de que ele era beneficiário do
esquema de corrupção que perdurou na AL durante os anos de 2003 a 2010, como
enfatizou a operação “Dama de Espada”, realizada pelo Ministério Público e que
resultou na descoberta de crime contra o patrimônio público, de desvio de verba
com uso de servidores fantasmas. A principal personagem dessa história, Rita
das Mercês, afirmou, em delação ao MP, que o governador Robinson Faria teria
recebido R$ 100 mil/mês. O tema em questão foi mostrado no Fantástico, edição
de domingo que passou, no quadro “Onde está o dinheiro que estava aqui?”.
Para uns, notícia requentada. Mas, para o cidadão que
tem o direito de saber o que ocorre com a classe política eleita para
representá-la nos poderes Executivo e Legislativo, o que se mostrou na
televisão talvez não seja “um terço” do que realmente aconteceu.
Robinson Faria é alvo da operação Anteros, que seria
uma ramificação da “Dama de Espadas”. A Anteros colheu documentos na
Governadoria e na casa do governador.
O governador pode até dizer que não existe novidade no
que o Fantástico mostrou. Mas é bom lembrar que se trata de verba pública. E,
portanto, é dever dele, seja governador, vice-governador ou presidente da
Assembleia Legislativa, apresentar comportamento ético à sociedade, e não ficar
articulando para salvar a “pele” de Rita das Mercês ou enviar R$ 5 mil/mês para
um dos filhos dela, como forma de comprar silêncio de ambos.
A novidade que foi mostrada pelo programa da Rede
Globo está na entrega de pacote de dinheiro pelo assessor do governador
Robinson Faria, Adelso Freitas, a Rita das Mercês, além de mostrar diálogos de
Rita com Adelso, nos quais está claramente e textualmente a afirmação de que o
governador não iria deixá-la em maus lençóis e que iria pagar a conta dos
advogados. O dinheiro que ela recebe seria para não contar o que sabe.
E fica a pergunta: o que Rita das Mercês sabia? E mais
outra: o que o governador queria esconder? Só dúvidas que são marcadas por
esquema de corrupção. A reportagem ainda destacou a Operação Candeeiro, que
investigou o surrupio, em valores atuais, de quase R$ 35 milhões do Instituto
do Desenvolvimento Econômico e Ambiental do Rio Grande do Norte (IDEMA/RN), e
que envolve o governador e principalmente o deputado Ricardo Motta (PSB),
sucessor de Robinson na presidência da Assembleia Legislativa.
O certo é que a veiculação da matéria no Fantástico
apenas serviu para piorar o que já estava ruim: a imagem do governador, que
enfrenta 85% de rejeição, segundo números de pesquisa recente divulgada pela
empresa Consult.
NOTA
Em nota à imprensa, o governador Robinson Faria
afirmou que o material veiculado no Fantástico é requentado e que não tem
novidades. Disse que acionará a Justiça para punir quem vazou os vídeos, pois o
processo tramitaria em segredo de justiça.
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