O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade
do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), professor Pedro Fernandes Ribeiro, é
um dos nomes que surge para a disputa da Reitoria em 2013. Até agora, somente
ele e o professor Gilton Sampaio, diretor do Campus Avançado Professora Maria
Elisa de Albuquerque Maia (CAMEAM), em Pau dos Ferros, figuram como pretensos
candidatos à sucessão do reitor Milton Marques de Medeiros, cujo mandato vai
até 28 de setembro do ano que entra. O blog enviou algumas perguntas para o
pró-reitor, e ele não escondeu o interesse de concorrer ao cargo máximo da Universidade.
Confira abaixo:
O mandato do reitor Milton Marques de Medeiros encerra no próximo ano e
é natural que especulações sejam iniciadas. O seu nome aparece no rol dos
prováveis candidatos á Reitoria da UERN. O senhor tem esse projeto?
Sim. Imagino que todos os que estão se
dedicando à UERN possuem esse projeto. Comigo não é diferente. Dedico-me
diariamente à minha profissão e, por conseguinte, fazemos muitas coisas, ao
mesmo tempo que temos certeza que poderemos fazer muito mais. Aliás, sonhamos
com o crescimento dessa Universidade no ritmo que vem transformando a Ciência
no Brasil. Investimentos no processo científico passam, necessariamente, por
uma política acadêmica em que a tríade Ensino, Pesquisa e Extensão se desenvolva,
bem como o aporte necessário das nossas potencialidades regionais. Somos
harmônicos no sonho, na concretização das nossas potencialidades e no avançar
de novos horizontes acadêmicos. Por possuir essas qualidades, nossos sonhos nos
impulsionam a continuar viabilizando essas atividades com a potência necessária
para o nosso crescimento.
O que o motivaria a disputar a Reitoria?
O maior motivo que nos leva a disponibilizar nosso
nome para a sucessão do professor Milton Marques passa primordialmente pela
vontade política em dar continuidade as ações importantes que fizeram essa
universidade se destacar ao longo dos últimos anos de gestão acadêmica que se
encerra ano que vem. Ao participar dessa gestão, acompanhamos de perto a forma
democrática, livre e de ações voltadas para o pleno desenvolvimento implantado
ao longo desse tempo. Certamente, é esse projeto que necessita de continuidade
e de uma equipe que tenha a fortaleza de ânimo, que conheça os caminhos dos
financiamentos públicos e que efetive esse planejamento a fim de não deter o
crescimento administrativo e acadêmico que vem se constituíndo a marca de um
novo tempo e consolidando o perfil institucional da UERN. Atualmente, a Resolução
No 3, de 14 de Outubro de 2010 - CNE/MEC, define para o credenciamento e
recredencimanento de uma Universidade, (i) necessidade de estabelecer in loco,
dois programas doutorado e quatro programas de mestrado; (ii) dispor no seu
quadro de servidores, 1/3 do corpo docente com a titulação de mestrado e
doutorado. Quando essa norma foi homologada, nós tínhamos apenas 03 mestrados.
Tivemos um mestrado que foi descontinuado em 2005 e atualmente oferecemos sete
cursos de mestrado. Devemos então nos dedicar na consolidação desses cursos e
na criação dos cursos de doutorado. Deixando claro, que não existem cursos de
pós-graduação stricto-sensu sem pesquisa, eu posso até ter pesquisa sem cursos
stricto-sensu, porém, jamais o contrário. Além disso, temos a necessidade de
fixar e captar professores doutores, bem como a capacitação de servidores.
Todavia, a graduação deve ser sim a prioridade, em especial sua gestão. Devemos
avançar nas resoluções, garantindo uma maior flexibilização, não descartando a
qualidade. Ora, você veja, que existem disciplinas (componentes curriculares)
que são ofertadas em vários cursos, todavia o aluno de um curso dificilmente
pode pagar essa disciplina em outro. Por outro lado, temos várias turmas com 5,
6, ou 10 alunos. Um aluno hoje possui dificuldades para antecipar seu curso,
bem como fazer uma graduação sandwich (passar um período em outro país). Disse
poucos exemplos que poderm ser melhor entendido e resolvido com um sistema
computacional. O SIGAA por exemplo é um sistema desenvolvido na UFRN que vem
sendo implantado em várias IES do Brasil. Fechando o tripé, ensino, pesquisa e
extensão, devemos focar mais nas necessidades das mesorregiões, do Estado, da
Região e do Brasil. Exemplificando, temos alguns laboratórios bem equipados na
UERN, somente nos últimos 04 anos, no edital PRO-INFRA/FINEP, aprovamos 5
milhões, dos quais 3.4 milhões em equipamentos. Devemos usá-los para formar
recursos humanos que sejam facilmente integrados no mercado de trabalho. O que
quero dizer é que não adianta fazermos pesquisa e não levarmos para comunidade,
da mesma forma que temos o que ensinar, temos muito o que aprender
também. Devemos
ainda ressaltar a manutenção da política de cotas para o ingresso na graduação
que, certamente, reduz a contradição que existe hoje de quanto melhor sua
escola particular, melhor será sua universidade pública. A presença da UERN em
todo o Estado também é algo que possui um caráter social muito importante, ao
mesmo tempo que nos gera muitos desafios. Outra política interessante é a de
Inclusão, iniciada e que precisa ser ampliada. Por último, digo que as
estruturas físicas, tais como residência universitária, bibliotecas, centro de
convivência deverão ser adequados para uso.
A Pró-reitoria de Pesquisa e
Pós-Graduação garantiria a visibilidade para a disputa?
Na Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPEG)
desenvolvemos atividades que abrangem todos que fazem a UERN. Acompanhamos os
grupos de pesquisa, projetos de pesquisa, iniciação científica, programas de
pós-graduação, publicações, participação em eventos, apoio a eventos,
capacitação docente e técnico, que são políticas pré-definidas, além de
demandas de balcão, que são pontuais e sempre buscamos entender e apoiar no que
for necessário. Além
disso, interagimos em praticamente tudo que fazemos com as agências de fomento.
Citando uma delas, temos a Coordenação de Acompanhamento de Pessoal de Nível
Superior (CAPES). Nacionalmente, a CAPES é responsável pela educação básica e Educação
Superior (presencial e a distância). Então, um órgão que era responsável
basicamente pela pós-graduação stricto-sensu, hoje é o principal órgão do
Ministério da Educação. Fazendo um paralelo, podemos dizer que essa situação
deva se replicar nas IES, ou seja, aqueles que possuem um conhecimento na
gestão da pós-graduação stricto-sensu, estão aptos a conduzir a Instituição.
Isso faz bastante sentido, pois quem atua na pesquisa e pós-graduação, atua,
obrigatoriamente, no ensino e na extensão. Outro ponto que merece
destaque é nossa ativa participação no Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e
Pós-Graduação (FOPROP). Atualmente, estou como vice-coordenador do
FOPROP-Região Nordeste, compondo o Diretório Nacional do Fórum. Recentemente,
fui convidado para me candidatar à coordenação do FOPROP-Região Nordeste,
declinado, todavia, estarei na composição da chapa que irá concorrer à Diretoria
Executiva Nacional. Não conheço uma atuação dessas por um representante da
UERN, o que representa reconhecimento fruto desses esforços contínuos
resultante do corpo constitutivo da Pró-Reitoria, que também não alcança
resultados sozinha - tem como aliada outras Pró-Reitorias, que garantem a união
e a força necessárias para sua identidade acadêmica sair fortalecida dentro e
fora da instituição. Caminhamos em equipe.
Para o senhor, quais seriam os desafios
do próximo reitor?
A UERN vive uma nova
era. Vejam que em 2011 foram efetivados mais de duzentos técnicos
administrativos (níveis médio ou superior), também tivemos um concurso para
mais de 100 docentes, além de vários que estão retornando das suas
pós-graduações. Aqui devemos ressaltar que fizemos o primeiro concurso para
professor titular, exigindo que além da titulação de doutor, estes tivessem
orientações de mestrado e/ou doutorado concluídas. Uma outra constatação é o
grande número de professores com Dedicação Exclusiva, ou seja, profissionais
que possuem a UERN como a única atividade, o mesmo acontece com os técnicos.
Quanto aos discentes, existe uma renovação natural, ao mesmo tempo que se busca
condições para que esses alunos passem o dia na Instituição, desenvolvendo suas
atividades. Todos esses atores, possuem muitas expectativas e a UERN deve
atendê-las, nem que seja em parte. Uma outra questão é a fixação dos
servidores, uma vez que são vários os concursos em outras IES, em especial nas
federais, por conta do REUNI. Porém,
dentre os principais desafios, considero: I - Na grande distribuição geográfica
da UERN. Hoje, estamos presentes em todas as 04 mesorregiões do RN. II - Na
Autonomia Financeira que devemos avançar na discussão para que possamos definir
qual nosso tamanho, e quanto devemos crescer por ano. Também digo que as IES
que possuem autonomia financeira, captam constantemente recursos nas agências
de fomento. Podemos constatar isso na UEPB e nas Estaduais de São Paulo (USP,
UNICAMP e UNESP). III - Na distribuição política, e administrativa da
Instituição. Somos hoje divididos em faculdades, departamentos, campi e
núcleos. Temos os mesmos cursos em unidades distintas que nunca, ou quase
nunca, dialogam. Temos que avançar na distribuição por área de conhecimento.
Poderia citar ainda, a necessidade de um pró-reitoria que trate dos assuntos
estudantis, na necessidade de uma política mais arrojada de internacionalização
e de ensino a distância, na oferta de cursos de proficiência para os alunos e
servidores da Instituição, na FM e TV Universitária, dentre outros, pois são
muitos.
A UERN se apresenta na projeção
vertical, com quatro cursos de Mestrado e três de Doutorado (Dinter). O senhor
acha que a quantidade de cursos ofertada é suficiente?
Na realidade temos 07 mestrados oferecidos pela
UERN. Além desses, estamos com 03 propostas de mestrado prontas e 02 de
doutorado. Devemos iniciar 2014 com 02 doutorados e 10 mestrados. Nossa
projeção para esse mesmo período é que tenhamos 240 doutores, o que daria uma
média de 20 doutores/curso, além de atendermos a Resolução nº 3, de 14 de
outubro de 2010 – CNE/MEC, que define como prazo 2016. Essa média é um
indicador nosso e feito comparando com as IES próximas e/ou semelhantes. Temos
também um Mestrado Interinstitucional em Direito oferecido pela UFRN para
nossos professores, uma participação com 05 docentes em um Dinter oferecido
pela PUC/PR, 17 docentes participando de DINTER em Ciências da Saúde oferecido
pela UFRN e inciaremos em 2013 um novo Dinter em Educação oferecido pela UERJ.
Buscamos ainda um Dinter a ser oferecido pela UFPE e um MINTER e um DINTER pela
UNESP.
A
Universidade ainda mantém o PSV como forma de acesso ao ensino superior.
Haveria a possibilidade de mudar a forma de acesso?
Sim, entendo que a tendência de todas as
IES é a de aceitarem como forma de ingresso o ENEM.